A política de imigração italiana tinha dois enfoques, reestabelecer a mão de obra nas fazendas de café e criar núcleos de colonização inicialmente instalados em sua maioria na região sul do país.
As famílias de imigrantes que aceitavam o trabalho nas lavouras de café eram submetidas a um regime de trabalho muito duro, o que incluía mulheres e crianças. No contrato era determinado um número de pés de café que seriam responsáveis e para cada mil pés era paga uma certa quantia em dinheiro. Devido a tantas dificuldades enfrentadas, poucos prosperavam e conseguiam adquirir uma pequena propriedade.
As dificuldades enfrentadas nos Núcleos de Colonização não eram diferentes, os italianos foram encaminhados para substituírem os imigrantes vindos da Alemanha que diminuía a cada ano e outros foram encaminhados para regiões mais afastadas e consideradas pouco férteis, a distância do centro dificultava a comunicação e o escoamento da produção, além disso não havia qualquer assistência médica ou religiosa. Alguns italianos conseguiram prosperar dando início ao cultivo de uva e à produção de vinho. As primeiras colônias italianas foram fundadas no Rio Grande do Sul em 1875.
No início do século XX, o governo brasileiro passou a priorizar a imigração de indivíduos sozinhos, o país precisava suprir a demanda das fábricas paulistanas. Em 1901, 90% dos trabalhadores das indústrias paulistanas eram imigrantes italianos.
Imigrantes Italianos no páteo da Hospedaria
No ano de 1887 foi concluída a construção da Hospedaria do Imigrante, hoje conhecida como Museu da Imigração. Os imigrantes que chegavam podiam permanecer por até oito dias no local. Os fazendeiros os escolhiam e ofereciam contratos de trabalho, tudo era estipulado de forma verbal e uma vez aceito eram transportados de trem para a fazenda de destino.
Padaria de imigrante italiano no bairro do Brás. São Paulo (SP), 1926. Coleção Roberto Barra
Alguns italianos que chegavam ao Brasil, vinham dispostos a empreender, vendiam tudo o que tinham na Itália e investiam na criação de pequenos negócios nas áreas da agricultura, comércio, prestação de serviços e indústria.
Carroça de vendedor de frutas italiano na Mooca
Outros italianos trabalharam nas fábricas que cresciam pelo país. Como a maioria dos imigrantes que chegavam eram recepcionados na Hospedaria no bairro do Brás, o entorno foi ganhando habitações populares, mais conhecidas como cortiços e as famílias viviam em grandes grupos com mais de uma família e amontoadas. Foi então que surgiram os bairros operários do Brás, Mooca e Bixiga. Com o crescimento das cidades, muitos italianos trocaram de atividade e passaram a trabalhar como artesãos, comerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros e garçons.
Operários italianos da Tecelagem Mariangela (Matarazzo). São Paulo (SP), primeira década século XX_1910
Alguns imigrantes italianos tornaram-se empreendedores de sucesso e passaram a figurar entre a elite paulistana. Dentre eles estão Francesco Matarazzo e seus irmãos Giuseppe e Luigi que chegaram ao Brasil em 1881 e foram responsáveis por criar o maior complexo industrial da América Latina.
Outro exemplo de sucesso foi Rodolfo Crespo que chegou ao país em 1893 e em 1897 fundou no bairro da Mooca a indústria têxtil Cotonifício Rodolfo Crespi.
Por volta de 1900, chegam à Itália as notícias das péssimas condições de moradia e de trabalho semiescravo a que os italianos eram submetidos e em 1902, o governo italiano emitiu o decreto Prinetti que proibia a imigração subsidiada entre Itália e Brasil, lei esta que fez diminuir drasticamente a vinda de italianos ao país, colocando na lista de preferência a Argentina e os Estados Unidos.
Crescimento do País
Com o crescimento do país, os imigrantes italianos foram se espalhando pelo Brasil. Sete estados concentraram o maior número de estrangeiros vindos da Itália.
São Paulo – o estado que mais recebeu imigrantes italianos. Em 1901, 90% dos 50.000 trabalhadores operários eram de nacionalidade italiana. Até 1920 estima-se que 70% dos imigrantes que chegaram ao Brasil se estabeleceram em São Paulo, o que representava 9% da população total do país, somando mais de 1 milhão de italianos. Esse fenômeno deveu-se ao fato de as fazendas de café estarem concentradas na região, bem como ao investimento empregado pelo governo subsidiando a passagem dos imigrantes.
Rio Grande do Sul – o segundo estado que mais recebeu italianos. Dentre as colônias que prosperaram estão a Conde D’Eu, Dona Isabel e Campo dos Bugres, que originaram as cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, respectivamente. Os primeiros imigrantes chegaram em 1875 para substituírem os colonos alemães e com a promessa de se tornarem agricultores. Entre 1875 e 1910 estima-se que 100 mil italianos imigraram para o estado.
Minas Gerais – o estado recebeu em seu maior fluxo entre 1875 e 1935, cerca de 60 mil italianos com o objetivo de trabalharem nas lavouras de café. As colônias situadas próximas a capital foram as que mais prosperaram, pois forneciam a mão de obra italiana para realização de benfeitorias públicas ao redor do estado.
Espírito Santo – entre 1812 e 1900 desembarcaram cerca de 32 mil italianos no estado, a Colônia de Demétrio Ribeiro foi a mais próspera da região.
Santa Catarina – entre os anos de 1875 e 1935 o estado recebeu cerca de 25 mil imigrantes italianos que se dedicaram à agricultura e mineração de carvão.
Paraná – entre os anos de 1875 e 1935 o estado recebeu cerca de 30 mil imigrantes italianos. As colônias estabelecidas próximas a capital Curitiba foram as que mais prosperaram, pois forneceram a mão de obra para a construção das ferrovias que foram essenciais para o sucesso do escoamento da produção de alimentos produzidos na região sul do país.
Rio de Janeiro – o estado recebeu cerca de 35 mil imigrantes italianos até o ano de 1900. Os estrangeiros vindos da Itália assumiram trabalhos principalmente na indústria e no comércio, bem como nas lavouras de café.
Entre 1880 e 1924 foi registrado cerca de 3,6 milhões de italianos desembarcando no país, representando 38% do total, seguido de portugueses, espanhóis e alemães. Entre 1880 e o início da Primeira Guerra Mundial em 1914, o Brasil era o terceiro maior receptor de imigrantes italianos, atrás dos Estados Unidos e da Argentina. Esse mesmo período influenciou decisivamente no aumento da população do país.
Segundo dados de pesquisa realizada pelo censo IBGE em 1940, última a questionar a ancestralidade do povo brasileiro, cerca de 1,2 milhões disseram ser filhos de pai italiano, e cerca de 1,07 milhões disseram ser filhos de mãe italiana. Já os italianos natos somavam 285 mil e os naturalizados brasileiros 40 mil.
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Fontes de Pesquisa: www.suapesquisa.com, www.pt.wikipedia.org, www.renatabueno.com.br, www.infoescola.com, www.pesquisaitaliana.com.br, www.brasil500anos.ibge.gov.br, www.revistagloborural.globo.com, www.museudaimigracao.org.br
Fotos: acervo digital do Museu da Imigração.
A primeira parte do post você pode conferir aqui!